O dia de descanso na Nova
Aliança
Por Clayton Bezzan c_bezzan@ig.com.br 2/12/2011
O sábado ou dia de descanso
provém de uma ordenança da antiga aliança celebrada entre Deus e Israel. Os
gentios não estavam incluídos nela, nem poderiam estar e os próprios judeus
reconhecem isso. A penalidade para os infratores dentre os judeus era a morte.
O sábado da lei é símbolo de uma realidade espiritual eterna que foi cumprida no
evangelho, em Jesus Cristo, na Sua ressurreição e no seu corpo, a igreja, quer
gentílica ou messiânica.
Vamos estudar sobre a
instituição do Sábado no A.T. para o povo de Israel, como ato profético
derivado do próprio descanso escatológico da criação no qual Deus entrou.
Êxodo 20:10-11 Mas o sétimo dia é o sábado do SENHOR, teu
Deus; não farás nenhum trabalho, nem tu, nem o teu filho, nem a tua filha, nem
o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o forasteiro das tuas
portas para dentro; porque, em seis dias, fez o SENHOR os céus e a terra, o mar
e tudo o que neles há e, ao sétimo dia, descansou; por isso, o SENHOR abençoou
o dia de sábado e o santificou.
Êxodo 31:14, 16 Portanto, guardareis o sábado, porque é santo
para vós outros; aquele que o profanar morrerá; pois qualquer que nele fizer
alguma obra será eliminado do meio do seu povo... Pelo que os filhos de
Israel guardarão o sábado, celebrando-o por aliança perpétua nas suas
gerações.
Êxodo 35:2 Trabalhareis
seis dias, mas o sétimo dia vos será santo, o sábado do repouso solene ao SENHOR;
quem nele trabalhar morrerá.
Deuteronômio 5:15 porque te lembrarás que foste servo na terra
do Egito e que o SENHOR, teu Deus, te tirou dali com mão poderosa e braço
estendido; pelo que o SENHOR, teu Deus, te ordenou que guardasses o dia de
sábado.
Jesus é Ele mesmo o
cumprimento do Sábado e o Senhor do mesmo. O “Sábado” (descanso) veio até seu
povo, mas seu povo O crucificou em vez de entrar em Seu verdadeiro descanso
pela fé nEle, crucificou-O porque “Ele não guardava o Sábado” segundo a letra.
Mateus 12:8 Porque o Filho do Homem é senhor do sábado.
Marcos 2:27 E acrescentou: O sábado foi estabelecido por
causa do homem, e não o homem por causa do sábado;
A revelação de que a Lei havia se cumprido e fora retirada demorou vários anos para chegar, uma vez que Paulo ainda não havia escrito as Suas cartas e a verdade não era conhecida por crentes gentílicos e messiânicos. Em Gal 3:1-14, os cristãos gálatas estavam sendo tentados a guardar na carne uma lei que já havia se cumprido na crucificação de Cristo. Tornaram-se insensatos em ouvir os judaizantes que queriam se gloriar na carne.
Gálatas 3:1-4 "Ó gálatas insensatos! Quem vos fascinou a vós outros, ante cujos olhos
foi Jesus Cristo exposto como
crucificado?
Quero apenas saber isto de vós: recebestes o Espírito pelas obras da lei ou pela pregação da fé?
Aquele, pois, que vos concede o
Espírito e que opera milagres entre vós, porventura, o faz pelas obras da
lei ou pela pregação da fé?
Ora, tendo a Escritura previsto que Deus
justificaria pela fé os gentios, preanunciou o evangelho a Abraão: Em ti,
serão abençoados todos os povos.
De modo que os da fé são
abençoados com o crente Abraão.
Todos quantos, pois, são das obras da lei
estão debaixo de maldição; porque está escrito: Maldito todo aquele que não
permanece em todas as coisas escritas no Livro da lei, para praticá-las.
E é evidente que, pela lei, ninguém é
justificado diante de Deus, porque o justo viverá pela fé.
Cristo nos resgatou da maldição da lei,
fazendo-se ele próprio maldição em nosso lugar (porque está escrito:
Maldito todo aquele que for pendurado em madeiro),
para que a bênção de Abraão chegasse aos
gentios, em Jesus Cristo, a fim de que recebêssemos,
pela fé, o Espírito prometido".
Gal 4:9-11 diz que os gálatas estavam observando sábados, luas novas e festas judaicas tentando agradar a Deus pelas obras da lei e não pela fé.
Mas agora que conheceis a Deus ou, antes, sendo
conhecidos por Deus, como estais voltando,
outra vez, aos rudimentos fracos e pobres, aos quais, de novo, quereis
ainda escravizar-vos? Guardais dias, e meses, e tempos, e anos. Receio
de vós tenha eu trabalhado em vão para convosco.
Ef 2:11-16 diz que a lei dos mandamentos na forma de ordenanças foi abolida.
Porque ele é a nossa paz, o qual
de ambos fez um; e, tendo derribado a parede da separação que estava no meio, a
inimizade, aboliu, na sua carne, a lei dos mandamentos na forma de
ordenanças, para que dos dois criasse, em si mesmo, um novo homem, fazendo
a paz, e reconciliasse ambos em um só corpo com Deus, por intermédio da cruz,
destruindo por ela a inimizade.
Colossenses 2:13-23 fala que ordenança do Sábado junto com outras leis foi removida na nova aliança por terem se cumprido em Cristo
E a vós outros, que estáveis mortos pelas
vossas transgressões e pela incircuncisão da vossa carne, vos deu vida
juntamente com ele, perdoando todos os nossos delitos;
tendo cancelado o escrito de dívida, que era contra nós e que constava de
ordenanças, o qual nos era prejudicial, removeu-o inteiramente, encravando-o na
cruz;
e, despojando os principados e
as potestades, publicamente os expôs ao desprezo, triunfando deles na cruz.
Ninguém, pois, vos julgue
por causa de comida e bebida, ou dia de festa, ou lua nova, ou sábados,
porque tudo isso tem sido sombra das
coisas que haviam de vir; porém o corpo é de Cristo.
Ninguém se faça árbitro contra vós outros, pretextando humildade e culto dos anjos,
baseando-se em visões (Helen White), enfatuado, sem motivo
algum, na sua mente carnal,
e não retendo a cabeça, da qual todo o corpo,
suprido e bem vinculado por suas juntas e ligamentos, cresce o crescimento que
procede de Deus.
Se morrestes
com Cristo para os rudimentos do mundo, por que, como se vivêsseis no
mundo, vos sujeitais a ordenanças:
não
manuseies isto, não proves aquilo, não toques aquiloutro,
segundo os preceitos e doutrinas dos homens? Pois que todas estas coisas, com
o uso, se destroem.
Tais coisas, com efeito, têm aparência de sabedoria, como culto de si mesmo, e de falsa
humildade, e de rigor ascético; todavia, não têm valor algum contra a
sensualidade.
Em Romanos 14:4-6 Paulo não repreendia quem
guarda nem quem não guarda dias. O problema maior é ficar contendendo por causa
de doutrinas quanto ao que guardar e o que vestir ou comer.
“Quem és tu que julgas o servo
alheio? Para o seu próprio senhor está em pé ou cai; mas estará em pé, porque o
Senhor é poderoso para o suster. Um faz
diferença entre dia e dia; outro julga iguais todos os dias. Cada um tenha
opinião bem definida em sua própria mente. Quem distingue entre dia e dia para
o Senhor o faz; e quem come para o Senhor come, porque dá graças a Deus; e quem
não come para o Senhor não come e dá graças a Deus”.
O cumprimento da lei é o amor. A lei do NT é
amar a Deus e ao próximo.
Romanos 13:10 O amor não pratica o mal contra o próximo; de
sorte que o cumprimento da lei é o amor.
Jo 15:12 O meu mandamento é este: que vos ameis uns
aos outros, assim como eu vos amei.
Romanos 7:6
O legalismo dos judaizantes destrói, mas o Espírito de revelação edifica
o corpo de Cristo.
“Agora, porém, libertados da lei,
estamos mortos para aquilo a que estávamos sujeitos, de modo que servimos em
novidade de espírito e não na caducidade da letra”.
2 Coríntios 3:6-17 Na nova aliança o Espírito dirige e não o legalismo. A letra mata. A glória da nova aliança é muito superior à da antiga.
O qual nos habilitou para sermos ministros
de uma nova aliança, não da letra, mas do espírito; porque a letra mata, mas o espírito vivifica.
E, se o ministério da morte,
gravado com letras em pedras, se revestiu de glória, a ponto de os filhos
de Israel não poderem fitar a face de Moisés, por causa da glória do seu rosto,
ainda que desvanecente,
como não será de maior glória o
ministério do Espírito!
Porque, se o ministério da condenação foi glória, em muito maior proporção será glorioso o ministério da justiça.
Porquanto, na verdade, o que, outrora, foi
glorificado, neste respeito, já não resplandece, diante da atual sobreexcelente
glória.
Porque, se o que se desvanecia teve sua
glória, muito mais glória tem o que é permanente.
Tendo, pois, tal esperança, servimo-nos de
muita ousadia no falar.
E não somos como Moisés, que punha véu sobre
a face, para que os filhos de Israel não atentassem na terminação do que se
desvanecia.
Mas os sentidos deles se embotaram. Pois até
ao dia de hoje, quando fazem a leitura da antiga aliança, o mesmo véu
permanece, não lhes sendo revelado que, em Cristo, é removido.
Mas até hoje, quando é lido Moisés, o véu
está posto sobre o coração deles.
Quando, porém, algum deles se converte ao
Senhor, o véu lhe é retirado.
Ora, o Senhor é o Espírito; e, onde está o
Espírito do Senhor, aí há liberdade.
Hebreus 4:1-11 Os que CRÊEM em Cristo entram no descanso e NÃO OS QUE GUARDAM A LETRA DA LEI do Sábado. O descanso vem da liberdade dada pelo Espírito aos que se convertem a Cristo, lançando sobre Ele seu passado de pecado e suas doenças pela fé no seu sacrifício.
Temamos, portanto, que, sendo-nos
deixada a promessa de entrar no descanso de Deus, suceda parecer que algum de
vós tenha falhado.
Porque também a nós foram anunciadas as boas-novas, como se deu com
eles; mas a palavra que ouviram não lhes aproveitou, visto não ter sido
acompanhada pela fé naqueles que a ouviram.
Nós, porém, que cremos, entramos no descanso, conforme Deus tem
dito: Assim, jurei na minha ira: Não entrarão no meu descanso. Embora,
certamente, as obras estivessem concluídas desde a fundação do mundo.
Porque, em certo lugar, assim disse, no tocante ao sétimo dia: E
descansou Deus, no sétimo dia, de todas as obras que fizera.
E novamente, no mesmo lugar: Não entrarão no meu descanso.
Visto, portanto, que resta entrarem alguns nele e que, por causa da
desobediência, não entraram aqueles aos quais anteriormente foram anunciadas as
boas-novas,
de novo, determina certo dia, Hoje, falando por Davi, muito tempo
depois, segundo antes fora declarado: Hoje, se ouvirdes a sua voz, não
endureçais o vosso coração.
Ora, se Josué lhes houvesse dado descanso, não
falaria, posteriormente, a respeito de outro dia.
Portanto, resta um repouso para o povo de Deus.
Porque aquele que entrou no descanso de Deus,
também ele mesmo descansou de suas obras, como Deus das suas.
Esforcemo-nos, pois, por
entrar naquele descanso, a fim de que ninguém caia, segundo o mesmo exemplo de
desobediência.
A igreja primitiva começou tradicionalmente a observar como dia especial de culto ao Senhor, o domingo, pois neste dia Cristo havia ressuscitado e aparecido aos discípulos reunidos.
Exemplos:
- 1o domingo: Lucas 24:36 Falavam ainda estas coisas quando Jesus apareceu no meio deles e lhes disse: Paz seja convosco!
- 2o domingo: João 20:26 Passados oito dias, estavam outra vez ali reunidos os seus discípulos, e Tomé, com eles. Estando as portas trancadas, veio Jesus, pôs-se no meio e disse-lhes: Paz seja convosco!
- Domingo nos tempos de Paulo. Atos 20:7 No primeiro dia da semana, estando nós reunidos com o fim de partir o pão, Paulo, que devia seguir viagem no dia imediato, exortava-os e prolongou o discurso até à meia-noite.
- Domingo nos dias de João: Apocalipse 1:10 Achei-me em espírito, no dia do Senhor (kuriakon, só aparece nesta passagem), e ouvi, por detrás de mim, grande voz, como de trombeta
- Domingo nos dias dos Pais da Igreja: Os escritos dos pais da igreja registram a observância do domingo pela igreja ainda no primeiro século.
Assim como o sábado, o domingo (mia ton sabaton, primeiro
dia da semana) não era um dia de descanso legal no império romano (a semana
romana tinha bem mais que sete dias e os escravos nunca tinham nenhum dia de
folga)
O domingo era uma tradição e não uma instituição bíblica neo-testamentária.
Não existe mandamento de Cristo ou de Paulo para a igreja para que guarde nem o
sábado, nem o domingo, nem mesmo alguma festa como a Páscoa ou o Natal.
Bem mais tarde a Igreja Católica obteve do Imperador Constantino
a oficialização da semana de 7 dias e do domingo como dia de descanso, em vez
do sábado e dos feriados santos. Mas isso não é bíblico, é somente uma
instituição daquela igreja que se entregou ao mundo e do império romano, que
chegou como tradição até nossos dias através da Igreja Reformada.
Mas agora temos luz para perceber que não precisamos
guardar nenhum dia, pois isso não resolve em questões de fé e de prática. Não
são necessários sacrifícios de dias para agradar a Deus. Ficar sem trabalhar
algum dia não nos melhora em nada moralmente.
Qual a utilidade prática então de um descanso sábatico,
quer seja de dias, de anos ou de jubileus? É que precisamos descansar fisicamente
e emocionalmente, e isso só pode se realizar eficientemente quando feito em
unidade num país, numa cidade, numa igreja, numa família. O espírito da Palavra de Deus à luz da
revelação progressiva aplica a lei do sábado para os gentios em nossos dias no
sentido que é bom e necessário para o homem descansar periodicamente e usar
esse tempo para servir a Deus e conviver com a família. Não importa o período
ou o dia específico. Isto depende do homem e da comunidade a que pertence. Não
vejo utilidade em observar o sábado ou o domingo de forma legalista, senão que
deve se levar em conta a unidade na nação para que o dia de cessar de trabalhar
coincida. Já que muitos têm um fim de semana prolongado, não trabalhando nem no
sábado nem no domingo, as dificuldades são assim minimizadas para a maioria, a
não ser para os religiosos que insistem no legalismo e no ritual vazio. Em
Israel os próprios crentes messiânicos podem descansar e se reunir no sábado,
sem precisar obedecer os rituais e costumes legalistas nem dos judeus ortodoxos.
Os demais crentes não precisam guardar o domingo de forma legalista, nem os islâmicos
que descansam na sexta-feira.